O chamado à porta estreita: a autenticidade (Lc 13,22-30)
Síntese Homilética do XXI Domingo do Tempo Comum | Ano C

XVIII Domingo: O perigo do excesso.
XIX Domingo: O risco da monopolização.
XX Domingo (Assunção de Maria): O chamado à permanência.
XXI Domingo: O chamado à porta estreita: a autenticidade.
Ideias principais (Lc 13,22-30)
- A porta estreita é um chamado ao despojamento.
- O que não podemos levar.
- O que precisamos levar.
- A porta estreita é o agora da vida.
- A porta estreita acontece em vários momentos da nossa existência.
A porta estreita em tempos de facilidade
Jesus nos lembra que o caminho do Reino passa por uma porta estreita. Essa imagem é atual, pois vivemos na cultura do imediatismo e da facilidade. Tudo nos é oferecido pronto, rápido e confortável. Muitas portas se abrem, mas só uma é a verdadeira: a do Evangelho, que exige disciplina interior, firmeza de escolhas e coerência de vida.
Seguir Cristo não é apenas “curtir” uma postagem religiosa ou participar de eventos ocasionais. É optar diariamente pelos valores de Jesus:
- ser honesto quando é mais fácil enganar;
- pensar no outro em meio à superficialidade;
- viver a fé com autenticidade, mesmo quando ela contraria a lógica do mundo, que prega: sucesso sem sacrifício; prazer sem compromisso; religião sem cruz.
A porta estreita como processo de autenticidade
A vida adulta e espiritual só amadurece quando se aprende a deixar para trás o que não cabe mais. Esse é o drama humano: queremos crescer sem perder nada, avançar sem abrir mão, amadurecer sem enfrentar desafios.
Mas a porta estreita obriga a fazer escolhas. Cada transição de fase exige abrir mão de algo: comportamentos, pensamentos e seguranças. Na vida espiritual acontece o mesmo: é preciso renunciar às ilusões e máscaras para viver a autenticidade do Evangelho.
“A autenticidade é fruto de um ego amadurecido pelos desafios.”
O que não podemos levar?
- O ego inflado, porque a porta só se abre para os humildes.
- A pressa do mundo, porque o caminho do Reino exige processos.
- As seguranças falsas, como ritos sem conversão e religiosidade de fachada.
A porta estreita é o lugar onde caem as máscaras e só passa o que é verdadeiro.
A porta estreita é o agora da vida
Essa porta não está apenas no futuro, no juízo final. Ela se apresenta aqui e agora. Cada escolha cotidiana é uma passagem:
- perdoar ou reter;
- partilhar ou guardar;
- ser fiel ou desistir.
O mundo oferece portas largas, mas só a estreita conduz ao sentido verdadeiro da vida: amar e ser amado em Deus.
“Eis agora o tempo favorável, eis agora o dia da salvação” (2Cor 6,2).
A porta estreita em vários momentos da vida
Ela não se abre apenas uma vez, mas em muitos momentos da existência:
No cotidiano: dizer a verdade, perdoar, partilhar.
Nas grandes decisões: matrimônio, sacerdócio, justiça, renúncia por amor.
Nos sofrimentos: doenças, perdas, solidão que pode virar encontro com Deus.
Na morte: a última e definitiva porta estreita, para a qual nos preparamos quando atravessamos as pequenas portas de cada dia.
Síntese
A porta estreita é o chamado à autenticidade da fé. Não basta ser “da Igreja” no sentido sociológico, de pertencer a um grupo religioso. É preciso ser de Cristo, deixar-se configurar por Ele e viver em coerência com o Evangelho.
Para refletir:
Estou escolhendo a porta estreita do Evangelho ou prefiro a larga do comodismo?
Estou vivendo uma fé de fachada ou uma fé autêntica em Cristo?
O que preciso deixar para seguir com liberdade no caminho do Senhor?

Autor: Pe. Adriano da Levedove
Padre, psicólogo, pedagogo e estudioso da psicologia analítica junguiana.
Contato: alevedove@gmail.com